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Ator de peça sobre racismo é baleado após ser confundido com bandido


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Protagonista do espetáculo que aborda a questão racismo, o ator Leno Sacramento, 42, foi baleado nessa quarta-feira (13) durante uma ação policial após ser confundido com um bandido em Salvador. Leno, que faz parte do Bando de Teatro Olodum, estava andando de bicicleta junto com o cenotécnico Garlei Souza na avenida Sete de Setembro, centro de Salvador, quando foi atingido por disparos feitos por um policial civil.

Os agentes da Polícia Civil, que estavam à paisana, estavam a procura de bandidos que minutos antes haviam assaltado uma mulher na praça do Campo Grande. A defesa alega que o ator foi vítima do racismo institucional e estrutural das forças de segurança da Bahia: “Ele é mais uma vítima do que chamamos de genocídio da população negra”, diz o advogado do ator, Cleifson Dias.

Atingido na panturrilha, Leno foi encaminhado para o Hospital Geral do Estado e depois transferido para o Hospital Português, em Salvador. Ele já recebeu alta e passa bem. “Fisicamente, ele está bem. Mas, emocionalmente, está muito abalado”, disse o advogado.

Leno Sacramento atualmente encena a peça En(cruz)ilhada, monólogo no qual discute o racismo e as mortes simbólicas do negro na sociedade. Ele também está em cartaz com o espetáculo Cabaré da Raça, que também aborda a questão do racismo. Com 28 anos de trajetória, o Bando de Tarto Olodum é um dos principais grupos artísticos da Bahia e já revelou atores como Lázaro Ramos.

Nesta quinta-feira (14), artistas do Bando divulgaram um manifesto no qual criticam a ação da polícia e defendem a discussão sobre o elo entre a violência e o racismo. “Como um profissional que trabalha para o bem da sociedade, chega a esse ponto de cometer tamanha barbárie? Como atirar de forma irresponsável, em um local de grande movimento de pessoas, em dois cidadãos que passavam de bicicleta? (…) Quantos jovens negros são vitimados diariamente desta mesma forma?”, questionam os artistas.O caso será investigado pela Corregedoria da Polícia Civil da Bahia. 

A corregedora-chefe, delegada Kátia Brasil, informou que os policiais envolvidos e foram ouvidos e um inquérito já foi instaurado. “Os policiais deverão responder criminalmente e administrativamente por esse fato”, disse a delegada. A arma utilizada será periciada e imagens de câmeras de segurança na região foram coletadas para serem analisadas durante o processo. Com informações da Folhapress.

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